O haicai, ou haiku como é mais conhecido no Japão, é um pequeno poema de origem japonesa fundamentado na observação e na contemplação. Matsuo Bashô, autor do poema apresentado acima, é um monge zen que viveu no século XVII e é considerado o mais tradicional poeta deste estilo, um mestre do haicai.
Assim como em uma fotografia, o haicai capta um momento, sensação, impressão de um fato específico, registrando, de forma singular, o instante-já, o aqui-agora. Trata-se de uma experiência intuitiva de contato com o real com dimensões e possibilidades infinitas não apreensíveis pelo pensamento linear e cartesiano. Por este motivo, as palavras são utilizadas com cuidado e reverência e lapidadas na busca por transcender as limitações impostas pela sintaxe lógica e racional. Com sua simplicidade e pureza, essa forma de poesia expressa uma forma de ver o mundo que encontra fundamentação na harmonia da filosofia espiritualista do taoísmo e do zen-budismo. Como na prática meditativa, os versos do haicai fazem com que nossa atenção e consciência voltem-se para o momento presente, para a natureza, para a ação.
O haikai clássico tem três versos, dois com cinco sílabas e um, o do meio, com sete sílabas. O primeiro verso apresenta a cena geral, normalmente associada a alguma estação do ano; no segundo verso, algo acontece na cena geral e o terceiro verso apresenta uma síntese da experiência vivida, como no exemplo do poeta Bashô apresentado acima.Os haicais contemporâneos inovam tanto na forma quanto no conteúdo: alguns apresentam versos, as temáticas são variadas, outros apresentam títulos e outros são seguidos de imagens.